Psicologia
Vai-se tornando uma observação banal para grande parte de nossa jovem comunidade profissional, embora não desprovida de certo matiz dramático, a constatação da crise na qual a Psicologia se vê mergulhada. A magnitude dos desafios e a urgência das situações embaralham os diagnósticos de um impasse que não pode ser circunstancializado ou minimizado, porque atravessa todo um espectro de problemas que se interligam e se reforçam: do crônico desemprego à precariedade dos cursos de formação, do caos teórico à fatuidade prática.
Instala- se na Psicologia uma crise de identidade que a fragmenta num plural que mal se pode ocultar sob a designação de espaço psi. Não se trata aqui da saudável pluralidade da diferença, que é sinal de riqueza conceitual, mas de uma perigosa atomização, sintoma da incomunicabilidade de posições que se fecham em seus guetos teóricos. (Drawin, 1983).
A complexidade da questão e o mal-estar que frequentemente acarreta nas relações dos psicólogos com a comunidade e com outros segmentos profissionais não podem servir de pretexto ao imobilismo, à indiferença autocompassiva ou ao lenitivo fácil das soluções teóricas. Se não existem soluções prontas e o caminho não é claro, resta-nos a opção do debate e a paciência da procura, como única alternativa para tentar reconstituir ou, ao menos, repensar nossa identidade em dissolução. Este é o necessário trabalho prévio para qualquer redefinição formal e jurídica de nosso perfil profissional que não queira se perder no mero artificialismo normativo. As instituições ligadas à Psicologia, enquanto categoria profissional, devem combater a tentação legalista, porque é inócua, porque é incapaz de ocultar a efervescência conflitiva de nossa atuação.