psicologia
Chico Silva
No último dia 13 de abril, foi comemorado o centenário de nascimento do psicanalista francês Jacques Lacan, o homem que, a partir de Freud, reinventou a psicanálise. Mas nem todos festejaram a data. Intempestivo, polêmico, hermético e genial, Lacan arrebatou admiradores e inimigos quase na mesma proporção. Parte do primeiro time, o psicanalista Jorge Forbes, 49 anos, de São Paulo, é um dos maiores especialistas em Lacan no País. Divide com alguns poucos o mérito de introduzir a obra lacaniana no Brasil. “Sem Lacan, a psicanálise não existiria”, provoca Forbes. Nesta entrevista, o ex-presidente da Escola Brasileira de Psicanálise fala sobre a importância de Lacan para o pensamento moderno e aborda também outros temas, como angústia, depressão e um certo caráter do povo brasileiro.
ISTOÉ – Qual é o legado deixado por Jacques Lacan?
Jorge Forbes – Jacques Lacan pode ser considerado o mais importante psicanalista depois de Sigmund Freud. Sem ele, hoje não existiria a psicanálise. Ele teve a condição de continuar o cerne da descoberta freudiana, que é o de permitir a cada pessoa saber qual é a sua forma particular de desejar, de amar, sem ser obrigado a entrar nessa plastificação do mundo atual.
ISTOÉ – Por que fazer uma análise lacaniana?
Forbes – Análise lacaniana é a mais compatível com o sujeito pós-moderno. Nós estamos vivendo uma época na qual existe uma horizontalidade maior entre as pessoas – diferente da era anterior, em que tínhamos modelos piramidais de organização. O sujeito pós-moderno tem uma forma de significação que ultrapassa a ordem paterna. E foi Lacan que propôs a condução de uma análise além do Édipo, além do modelo freudiano típico e, portanto, mais compatível com o sujeito pós-moderno.
ISTOÉ – O sr. conheceu Lacan. Que impressão teve dele?
Forbes – Conheci-o com 75 anos. Era