Psicologia
André Samson
Este artigo trata da relação cliente - psicoterapeuta. Gostaria de propor uma reflexão sobre eventos que ocorrem no consultório de psicoterapia corporal que nos fazem questionar a verdadeira eficácia de nosso tratamento.
Farei um estudo sobre transferência e contratransferência relacionando com a leitura corporal, instrumento importante na psicoterapia do corpo. A intenção é abrir um caminho de questionamento sobre como adequar a intervenção corporal, com ou sem contato físico, à essa relação tão delicada e tão permeada por projeções. O trabalho corporal muitas vezes entra em conflito com o que está acontecendo na relação, gerando sentimentos confusos no cliente e muitas vezes no psicoterapeuta também.
Já me vi muitas vezes aplicando uma técnica a partir de uma leitura corporal apenas e já me peguei atuando de modo a quase convencer o cliente que era aquilo que ele precisava. Eu aplicava a técnica e percebia que a pessoa que estava diante de mim não estava conectada com aquilo que eu estava fazendo. Já me observei fantasiando que se eu perguntasse para ela o que precisava, a resposta seria, “aplique a técnica que você acha certa”, como se para a pessoa não fizesse diferença nenhuma, porque o que eu estava fazendo não tinha nenhum significado para ela. Muitas vezes eu percebia no cliente uma atitude do tipo: “faça o que você achar melhor, meu corpo está em suas mãos”. A reação imediata era a de procurar a técnica certa, mas muitas vezes ela tinha um efeito quase nulo.
A psicoterapia corporal corre o grande risco de se transformar em um processo de aplicação de técnicas. Quanto mais técnicas o psicoterapeuta souber, maior poderá ser sua onipotência, pois sempre terá várias formas de controlar o processo terapêutico. O pensamento do psicoterapeuta pode estar voltado para o diagnóstico e a aplicação da técnica correta. Eu tinha a técnica certa, pelo menos de acordo com o modelo