Psicologia
Quando Freud escreve o manuscrito que se tornará os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, redige, em outra frente de trabalho, o manuscrito Os chistes e sua relação com o inconsciente. Sem dúvida, passa de um a outro. O leitor pode se surpreender ao saber disso, já que não há nada de evidente que ligue as duas obras. Na ocasião do primeiro centenário de publicação de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade de Freud que nos reúne no México, graças ao convite da Red Analítica Lacaniana, tentarei transmitir aos senhores que Freud, nessas obras, levado pela mesma questão que põe em continuidade simbólica de modo inesperado Os chistes e sua relação com o inconsciente e os Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. No desenvolvimento da terceira parte sobre “a transformação da puberdade”, Freud retoma a importância do surgimento da “angústia infantil” na “descoberta do objeto”. Ele explica que o investimento libidinal não pode encontrar satisfação na ausência da pessoa amada. Por isso, “as crianças cuja pulsão sexual é precoce ou se torna excessiva e exigente” comportam-se já como adultos: “a libido se transforma em angústia a partir do momento em que ela não encontra satisfação.” Partamos desta evidência porquanto uma nota1 que explica como “para se desfazer de suas angústias, pela transformação da libido, a criança recorrerá a medidas as mais pueris.” Portanto, o que será que a criança pode ensinar ao adulto que ele teria esquecido porque era criança? Para render homenagem ao gênio de Freud como inventor da psicanálise e ao que transmitiu para além de seu dizer, nos reteremos um pouco em seu relato sobre um menino de três anos, imerso na obscuridade, que suplicava sua tia que lhe falasse para tirá-lo da angústia que o tomava. “Tante, sprich mit mir, ich fürchte mich, weil es so dunkel ist. “Tia, fale comigo, tenho medo de mim porque, assim, está escuro”. E sua tia lança o dardo: “Was hast − du