Psicologia
A Intencionalidade é a propriedade de muitos estados e eventos mentais pela qual eles são dirigidos para ou acerca de objectos e estados de coisas no mundo. Se, por exemplo, tenho uma crença, deve ser uma crença de que tal ou qual coisa é o caso; se tenho um medo, deve ser um medo de algo ou de que algo vai acontecer; se tenho um desejo, deve ser um desejo de fazer algo ou de que algo aconteça ou seja o caso; se tenho uma intenção, deve ser uma intenção de fazer algo. (...) Mas, em muitos aspectos, o termo é equívoco(...). Por isso quero já de início clarificar o modo como tenciono usá-lo.
Em primeiro lugar, na minha concepção, só alguns e não todos estados e eventos mentais têm Intencionalidade. Crenças, medos, esperanças e desejos são Intencionais; mas há formas de nervosismo, exaltação e ansiedade não direccionada que não são Intencionais. (...) As minhas crenças e desejos têm sempre que ser acerca de alguma coisa. Mas o meu nervosismo e ansiedade não dirigida não precisam de ser acerca de algo. Tais estados são caracteristicamente acompanhados por crenças e desejos, mas estados não dirigidos não são idênticos a crenças ou desejos. (...)
Em segundo lugar, Intencionalidade não é o mesmo que consciência. Muitos estados conscientes não são Intencionais, como uma sensação súbita de exaltação, e muitos estados Intencionais não são conscientes, como eu ter muitas crenças sobre as quais não estou a pensar no presente e nas quais posso nunca ter pensado (...), são apenas crenças que se têm e nas quais, normalmente, não se pensa.
Em terceiro lugar, tencionar e intenções são apenas uma forma entre outras de Intencionalidade; não têm qualquer estatuto especial. O trocadilho óbvio entre "Intencionalidade" e "intenção" sugere que, no sentido comum do termo, as intenções têm algum papel especial na teoria da Intencionalidade; mas, na minha abordagem, tencionar fazer algo é apenas uma forma de Intencionalidade, juntamente com crença, esperança, medo,