Psicologia Popular
Este capítulo foi originalmente escrito para a revista Prometeo - revista mexicana de psicología humanista y desarrollo humano, um periódico da Universidad Ibero americana, em um número especial de 1997, que teve por título geral "Antes y después de Chiapas: o nos salvamos juntos o todos perecemos", O título completo do artigo foi: "Salir dei consultorio para hablarmos de tú - Ia construcción participativa de una psicología popular", e ele se encontra nas páginas 27 a 33. Por esses títulos se pode ver o alargamento de perspectivas que ele contempla, e é por isso que ele cabe bem aqui. Para além da psicologia como clínica, num sentido restrito da palavra. Gostei muito de ter escrito este texto. A ele se seguirá o capítulo IX deste lívro, formando como um conjunto. Utilizei evidentemente a versão original em português, e fiz pequenas modificações para adaptá-Io à forma deste livro. Achei que as notas de rodapé poderiam ser dispensadas aqui sem que o texto fosse prejudicado. As referências que estavam nessas notas, juntamente com alguma outra, foram acrescentadas na bibliografia no final do livro.
A história da educação popular na América Latina mostrou que o termo “popular" não significa somente que se trata da educação do povo, mas também, e talvez principalmente, que se trata de uma educação com o povo. As pessoas comuns, na sua condição de classe popular, não são apenas objeto desta educação, mas também sujeito. E educação popular acabou por designar um modo de se pensar e praticar educação (ver, por exemplo, BRANDÃO, 1985). Paulo Freire resume numa espécie de fórmula que o importante numa aproximação verdadeira aos oprimidos é que o educador, despindo-se de todo autoritarismo; comece a acreditar nas massas populares e já não apenas fale a elas ou sobre elas, mas as ouça, para poder falar com elas (FRElRE, 1983, p.36). ...
A partir daí é que penso a expressão "psicologia popular". Não se trata da psicologia das pessoas comuns,