Ignacio Martín-Baró, um dos seis jesuítas assassinados brutalmente pelo exército salvadorenho no dia 16 de novembro de 1989, em El Salvador, foi o precursor da psicologia da libertação. Defensor de uma psicologia que se dedicasse ao atendimento dos problemas das maiorias populares, ele argumentava que era preciso “fazer uma psicologia política que leve em conta o poder social na configuração do psiquismo humano e que, portanto, contribua para construir um novo poder histórico como requisito de uma nova identidade psicossocial das maiorias até hoje dominada’’. Martín-Baró defendia uma psicologia própria de cada país, contextualizada, que reúna o sentir e as maneiras próprias de sobrevivência dos excluídos, das maiorias populares. Sua contribuição fundamental foi pôr, no centro, as vítimas, os excluídos, e dar-lhes o reconhecimento como pessoas capazes de ter ferramentas de sobrevivência e maneiras que a psicologia deve recolher e valorizar. Ele percebeu que a estrutura desumanizante torna as pessoas doentes, e por isso é importante atendê-las a partir da libertação dos próprios métodos da psicologia e a partir do lugar das maiorias populares. A realidade contemporânea vem produzindo um conjunto de fenômenos caracterizados por exclusão, violência, pobreza e falta de condições básicas para se ter uma vida digna na sociedade, bem como interferindo na vida social da humanidade. Em um âmbito maior, a psicologia social tem se preocupado em estudar e procurar recursos que possam diminuir ou sanar essas causas que geram tantas crises na sociedade. Assim na psicologia, designa-se duas formas de se conceber: uma hegemônica e outra contestatória que busca ser fiel com processos de luta e de transformação. Destaca-se entre as formas desse estudo aprimorado, um importante aspecto que luta por essa transformação da maioria, denominado por Martin-Baró como psicologia da libertação. A psicologia da libertação visa diretamente a realidade atual como ponto de partida e de