Psicologia no Brasil
PROFISSIONALIZAÇÃO1
Fernanda Martins Pereira*
André Pereira Neto#
RESUMO. O artigo trata do processo de profissionalização da psicologia no Brasil. Utiliza o referencial teórico da sociologia das profissões e faz uma revisão bibliográfica sobre a história da psicologia brasileira. Apresenta uma proposta de periodização para a história desta profissão, dividindo-a em três momentos: pré-profissional (1833-1890), de profissionalização (1890/1906-1975) e profissional (1975 ). No primeiro momento, há uma gama de saberes psi pulverizados. No segundo, a psicologia começa a organizar-se em institutos de pesquisa, faculdades e associações e a regulamentar suas leis. No último, a profissão, já estabelecida e reconhecida oficialmente, passa a sofrer fortes alterações sócioeconômicas e disputas interprofissionais.
Palavras-chave: psicologia no Brasil, profissionalização da Psicologia, sociologia das profissões.
O PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DO
PSICÓLOGO NO BRASIL
Os principais trabalhos sobre a história da psicologia no Brasil (Lourenço Filho, 1955/1994; Penna, 1992) apresentam, em geral, análises informativas e descritivas.
A importância desses estudos reside, sobretudo, no fato de serem pioneiros, disponibilizando grande número de dados. Atualmente, uma outra forma de escrever história vem sendo valorizada. Ela leva em consideração o contexto em que o documento foi produzido e levanta novas abordagens, objetos, temas e problemas para o debate historiográfico (Le Goff & Nora, 1976). A Escola dos Anais (Burke, 1992) redimensionou o lugar do historiador no processo de construção do conhecimento.
Este profissional deixou de ser apenas um compilador de datas e dados, passando a assumir uma postura crítica em relação ao passado. Hoje em dia, os historiadores enfatizam a necessidade de contextualizar o documento histórico, ou seja, relacioná-lo a fatores econômicos, políticos, culturais e