Psicologia Humanista Entrevista
Entrevista de Carl Rogers a revista Veja no ano de 1977 em sua vista ao Brasil.
"Por um homem melhor
O Pai da psicologia humanista fala de batatas, pessoas, governos, ladrões e acadêmicos.··.
VEJA – Como se situaria a pessoa humana diante da psicologia humanista?
ROGERS – O ser humano, como todos os organismos, tende a crescer e a se atualizar. É claro que todos os fatores sociais, econômicos e familiares podem interromper esse crescimento, mas a tendência fundamental é em direção ao crescimento, ao seu próprio preenchimento ou satisfação. Costumo exemplificar esse processo lembrando batatas que guardávamos no porão da nossa casa na fazenda. Elas criavam brotos porque havia uma janelinha no quarto. Era uma tentativa inútil, mas parte da tentativa do organismo de se satisfazer. Você consegue um produto muito diferente quando planta uma batata na terra, e comparo esse processo ao que pode ser encontrado em delinquentes e em pessoas que são tidas como doentes mentais: o modo como suas vidas se desenvolveram pode ser muito bizarro, anormal; no entanto, tudo o que elas estão fazendo é uma tentativa para crescer, para atualizar seus potenciais. O fato de essa tentativa causar maus resultados situa-se mais no meio ambiente do que na tendência básica do individuo. A pedra fundamental da psicologia humanista pelo menos como eu vejo, é, portanto essa crença de que o ser humano tem um organismo positivo e construtivo.
VEJA – A psicologia humanista pode ajudar a sociedade a resolver seus problemas? De que modo?
ROGERS – Ela não é uma solução para todos os problemas do mundo, mas pode ajudar muito na solução dos problemas psicológicos e sociais. Pode ajudar o individuo a crescer em direção a uma personalidade mais normal, mais expansiva. A psicologia humanista tem os instrumentos para reconciliar diferenças, para ajudar as pessoas a observarem os pontos de vista dos outros.
VEJA – Um governo com uma visão humanista não seria, então, mais