Fobias
Janice Castilhos Vitola
Marta Regina Cemin
Abordar o tema em questão — a entrevista — implica esclarecer de forma breve a visão de homem e os fundamentos filosóficos norteadores do referencial humanista––fenomenológico–existencial, uma vez que estes irão permear todo o trabalho realizado através das entrevistas em psicoterapia, sendo de suma importância para compreender as atitudes do entrevistador e as intervenções por ele utilizadas.
O humanismo compreende a pessoa saudável como uma gestalt integrada: um ser único, voltado para a consciência, digno de confiança, auto-regulado e autoapoiado num constante vir-a-ser integrado ao contexto. Na psicoterapia, seu propósito é o de facilitar a auto-realização, reconhecendo o poder do homem sobre si e usando como método abordagens compreensivas no lugar de abordagens explicativas ou interpretativas (MATSON, 1985; RIBEIRO, 1999).
Os alicerces filosóficos da abordagem encontram-se sedimentados nas perspectivas fenomenológica e existencial. A fenomenologia, sistematizada no início do século XX por Edmund Husserl, autor de grande influência na filosofia contemporânea , valida o estudo da experiência humana, através da observação dos dados trazidos pela consciência no “aqui e agora”, consistindo num exame disciplinado da experiência subjetiva (SHULTZ & SHULTZ 2002; TRIVIÑOS,1987;
CAPRA, 2003).
Já a filosofia existencialista concebe a pessoa como capaz de escolher seu destino. Para ela, o homem saudável é singular, livre e consciente. Na psicoterapia, sua influência se dá no sentido de resgatar a questão antropológica, situando a pessoa existencialmente no curso de sua história. Seu originador foi Kierkegaard, sendo que
Martin Burber, Gabriel Marcel e Merleau-Ponty tiveram especial influência, dada sua visão positiva do homem; Sartre e Nietzsche, pensadores que escreveram no pósguerra e que tinham uma visão menos otimista da existência humana,