Psicodrama e imaginação
(Texto apresentado no XIII Congresso Brasileiro de Psicodrama - Costa do Sauípe - BA.- 29/05 a 01/06/02)
"É espantoso que a imaginação radical do ser humano singular, da psique ou da alma, descoberta e discutida pela primeira vez há vinte séculos por Aristóteles, jamais adquiriu o lugar central que é o seu na filosofia da subjetividade."
Castoriadis (3)
SINOPSE
A partir da conceituação da imaginação, o presente texto ressalta a importância da mesma na formação do psiquismo humano. Procura atribuir-lhe o lugar de destaque que lhe tem sido negado pelo racionalismo. Relaciona a imaginação com a teoria e a prática psicodramática, enfatizando a necessidade de maior investigação sobre este tema.
I - INTRODUÇÃO
O presente trabalho representa o início de um estudo cujo objeto é a imaginação como uma força formadora do psiquismo humano. Busca atribuir à ela o lugar que lhe pertence na constituição do sujeito, caracterizando-a como função que faz a intermediação da relação homem - mundo , fundamental no desenvolvimento psicológico e emocional do indivíduo.
Há, na nossa cultura, uma sutil desvalorização da imaginação em comparação a outras funções do psiquismo humano, tais como inteligência, pensamento, percepção e memória. Durand (4) justifica esta posição em conseqüência do cientificismo e do método da verdade oriundo do socratismo e baseado na lógica binária (com dois valores - um falso e outro verdadeiro), tornando-se, desde Sócrates, Platão e Aristóteles, como o único acesso à verdade. A imaginação é suspeita de ser "amante do erro e da falsidade".
Galileu e Descartes consideraram a razão como o único meio legítimo de se chegar à verdade. A partir do século XVII, o imaginário passa a ser excluído dos processos intelectuais. Hume e Newton permaneceram atrelados ao empirismo e o imaginário confundido com o delírio, o fantasma do sonho e do irracional.
Esta desvalorização encontra-se tão