Psicanálise
*. Vida de Winnicott:
D.W.Winnicott era médico pediatra e desenvolveu, ao longo de sua vida, um excepcional talento clínico, sendo responsável pela criação e ricos desdobramentos no campo da psicanálise de crianças na Inglaterra e o legado que deixou para este campo é fundamental até os dias atuais, para além dos limites da sua terra natal, seja no que diz respeito à prática clínica, seja no campo teórico e conceitual.
Começou a se dirigir para o que seria seu campo de interesses na década de 20 do século XX, primeiro como pediatra e em seguida como psicanalista.
Começou sua formação psicanalítica na British Psychoanalytical Society em 1913, época conturbada, posto que estavam no auge os conflitos e polêmicas entre as duas damas da psicanálise - Anna Freud e Melanie Klein - e seus partidários, conflitos justamente sobre o que seria a psicanálise de crianças. No meio destas controvérsias, Winnicott seguiu o seguinte percurso: de um lado, teoricamente, fazia sua formação tendo como princípios as ideias e conceitos kleinianos, fazendo, inclusive supervisão com a própria M. Klein. Mas isto não se transformou numa adesão ou submissão a uma certa tirania kleiniana, manteve-se independente quanto ao seu próprio modo de trabalhar e pensar a clínica, elaborando uma concepção original e pessoal no tocante a questões fundamentais no campo psicanalítico - a relação de objeto, o brincar e a própria concepção de self.
Sua grande paixão era a infância, sem contudo ter para com esta uma relação de benevolência ou de idolatria, mas reservando-se uma liberdade e uma criatividade no seu trato com as crianças - e mesmo com os adultos - que não se alinhava com os padrões rígidos da IPA (não respeitava a decantada neutralidade nem a duração das sessões, estabelecendo, muitas vezes relações calorosas com seus pacientes).
Winnicott pertence a uma geração de psicanalistas que surgiu no entre-guerras, em que uma ênfase no papel