Psicanálise e psicanálise da existência
Resumo
Procuro trabalhar com as idéias de Psicanálise em Freud e Sartre. Parto da idéia de uma psicanálise "clássica" de Freud e a confronto com a idéia de psicanálise existencial em Sartre. Onde a primazia à liberdade é a tônica da psicanálise existencial; a consciência livre e projetiva produz, na realidade, toda espécie de desejos. A tarefa da psicanálise existencial é interrogar a consciência individual. O referencial teórico utilizado é o Ser e o Nada de Jean-Paul Sartre, que pressupõe a leitura de outras obras do filósofo existencialista, relacionadas nas referências, embora não citadas no texto.
I. Psicanálise
Sigmund Freud elaborou a psicanálise, às vezes chamada de psicanálise clássica, para distingui-Ia de muitas de suas derivações e de outras formas de psicanálise, como um procedimento para o diagnóstico e tratamento de certas neuroses. A psicanálise é, portanto, um método, mas é também uma doutrina relativa à natureza do ser humano. Tanto no método como na doutrina, usam-se certo número de conceitos fundamentais que exporemos sumariamente, sem dar-Ihes uma interpretação determinada e sem ter em conta as diversas doutrinas no próprio Freud.
Freud estima que não há atos de nenhuma classe, incluindo atos verbais e sonhos, que não tenham uma causa. Geralmente se supõe que os atos em que o homem executa, as idéias que tem, as palavras que diz, são explicáveis em virtude de motivos relativamente bem determinados ou, em todo caso, determináveis. Sabe-se que muitas vezes não se diz o que se havia querido dizer, ou se faz algo que não se havia querido fazer, ou se tem sonhos inexplicáveis ou estranhos. Sabe-se assim mesmo que em ocasiões se produzem inibições, se experimentam angústias, se tem sentimentos que Freud deu conta e razão de todas estas manifestações humanas à base de um mecanismo constituído por forças e atividades de tal índole que muito do que estava psiquicamente presente devia remeter a algo que