Psic etica
Os limites da ética
JOSÉ LUÍS RIBEIRO (*) ISABEL PEREIRA LEAL (**)
1. INTRODUÇÃO
Da velhíssima discussão sobre os usos e os costumes que se devem adaptar a cada momento do desenvolvimento das civilizações em diversos domínios, passando pela consideração de que é necessária «uma ciência que tem por objecto o julgamento da apreciação aplicável à distinção entre o bem e o mal» (Lafon, 1973) até à promoção de códigos deontológicos mais ou menos genéricos, todas as profissões reclamam para si um regime ético que, simultaneamente: - legitime as suas práticas; - afirme como «bom» e «útil» as suas propostas e as suas aplicações; -permita dispositivos moralizadores da «boa» prática; - possibilite mecanismos de sancionamento daquilo que é considerado entre pares «má prática» profissional; - igualize regras de funcionamento para uma dada actividade de forma a que os profissionais do mesmo oficio disponham de uma matriz moral e relacionai que os identifique (como perten centes à corporação). O presente trabalho, intitulado «os limites da ética» propõe-se discutir especificamente, as limitações que os códigos de ética dos psicólogos, pela forma subjectiva como naturalmente se apresentam, colocam aos que trabalham no Sistema de Cuidados de Saúde. Com efeito os Psicólogos da Saúde, quer estejam envolvidos na investigação ou na intervenção estão, provavelmente, a intervir com pessoas doentes ou traumatizadas que são psicologicamente mais vulneráveis e em maior risco do que as pessoas saudáveis, de tal modo que devem estar particularmente sensíveis a uma grande variedade de problemas legais e éticos, o que lhes impõe uma educação especial relativamente a este tipo de problemas (Miller, 1987). Como Stone (1984) salienta os aspectos éticos enfrentam na nossa sociedade um conflito básico
(*) Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa.