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Psicanálise e Criminologia*
Sandra Dias**

A obra traduzida do espanhol tem um caráter transdisciplinar, abarca desde crime até as sanções penais e é essencial para o campo da criminologia pelo alcance ético-politico e sócio-antropológico porque questiona as estruturas de controle no qual se baseia o direito penal.
A partir da articulação psicanálise e criminologia, os autores debatem temas como crime e castigo, responsabilidade, serial killer, assassinos em serie, natureza criminosa, homicídio nos psicóticos, crimes contemporâneos e violência na atualidade em nove capítulos.
Partindo da pergunta “A quem mata o assassino?”, os dois psicanalistas subvertem o campo da criminologia enfatizando questão do sujeito e do ato, e indicam que a analise deve ser feita no singular, caso a caso, desmontando a idéia de controle estigmatizante e rotulador das pessoas no qual se baseiam os operadores do Direito.
Tendlarz e Garcia apontam que a psicanálise parte da pergunta sobre o lugar do criminoso em relação ao crime uma vez que Freud não se deteve na temática própria da justiça – a vontade consciente de matar, mas sim na analise do criminoso inconsciente, característico do neurótico que faz atos criminosos por sentimentos inconscientes de culpa. É essa tese que sustenta o interesse do psicanalista nesta problemática, a necessidade de punição do criminoso que busca no juiz, uma instancia externa, a declaração de culpabilidade.
O livro discute amplamente a questão da culpa e responsabilidade, bem como a relação do sujeito com o ato criminoso explicitando a diferença e intersecção nos discursos penal, psiquiátrico e psicanalítico. Assinala a necessária e urgente revisão da responsabilidade enquanto conceito jurídico para ampliar a perspectiva do direito penal aprisionada nos conceitos de culpa e imputabilidade e seus efeitos excludentes e estigmatizantes de um sistema seletivo.
Pretende também elucidar os homicídios levados a cabo por sujeitos psicóticos e os chamados assassinos