Práticas medicinais dos colonizadores na américa portuguesa quinhentista.
WELLINGTON BERNARDELLI SILVA FILHO[i]
Resumo
Pouco contemplado pela historiografia tradicional, a medicinal no primeiro século de colonização da América Portuguesa constitui-se como um importante campo para a compreensão do processo de fixação do colono europeu no Novo Mundo, evento esse impossível de ser avaliado sem antes deter-se a preocupação dos colonizadores em descrever e classificar do mundo natural ao qual estavam agora inseridos. Por meio da observação meticulosa, experimentação e apropriação do saber indígena, o europeu pode compreender os usos práticos da flora e fauna americana, em especial a natureza da Mata Atlântica, zona biogeográfica mais rica do planeta, possuidora de particularidades e espécies endêmicas aos quais esses homens não estavam habituados.
Adentrar um novo ambiente, para colonizador europeu quinhentista, significava estar sensível uma gama de doenças próprias desse local, que no entendimento desses homens, deveriam ser curadas com mezinhas e boticas inerentes a esse território. Nesse ínterim que se inscreve os processos de descrição e classificação do mundo natural do Novo Mundo, em que os colonizadores se esforçaram a registrar em crônicas, cartas e textos, a fauna e flora local, seus usos práticos e valores medicinais. Para o presente artigo, foi recolhido os relatos dos colonizadores, jesuítas e cronistas europeus a respeito da utilização fitoterápica da flora Americana do século XVI, a rigor: o missionário calvinista Jean de Léry, o senhor de engenho Gabriel Soares de Souza e os jesuítas portugueses Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e Fernão Cardim.
Para tanto, fez-se uso da História das Ciências como metodologia na análise das fontes acima citadas, visto o entendimento que pouco foi contemplado, nos textos dos colonizadores, passagens que retratam as práticas cotidianas de sobrevivência no Novo Mundo, como o uso da