Provocações sobre a Virtude
Até aí vai tudo bem. Reflito, porém, sobre alguns pontos: porque a honestidade é algo tão valorizado? Será que alguém consegue ser honesto o tempo inteiro? Não seria honestidade uma obrigação, um compromisso do ser social?
São perguntas complexas, apesar de não parecerem, e não me atrevo a tentar respondê-las em poucas linhas, mas farei mais algumas provocações. A primeira, por si só, vem carregada de profunda contradição, posto que os indivíduos tido como honestos, em geral, são admirados como seres virtuosos, especiais, e que contrastam com o homem médio. Assim, são exaltados, mas não seguidos, posto que, se o fossem, não haveria destaque, seriam comuns. Esse fenômeno sempre me chamou atenção.
Assim como os ''honestos'', entre aspas, pois não podemos avaliar intimamente a honestidade de ninguém, as pessoas em geral tendem a admirar os indivíduos corajosos, que demonstram humildade, responsabilidade social, e se dedicam a melhorar a sociedade. Exemplos não faltam, de todos países e culturas. Nota-se, verdadeiramente, como a humanidade exalta personalidades como Mandela, Gandhi, Martin Luther King, Madre Tereza, ou em solo pátrio figuras como Chico Xavier e Irmã Dulce.
Partindo dessa premissa, facilmente constatada, lanço outra: só enxergamos no outro o que existe em nós próprios. Essas virtudes, pois, estão em todos aqueles que admiram os valores que esses mitos personificam. Assim, podemos concluir que temos o desejo de viver numa sociedade que pratique os valores humanos exemplificados. Mas porque, então, não conseguimos praticar essas virtudes em nossas vidas?
John Donne, poeta inglês do século XVI, escreveu um célebre poema chamado ''from whom the bell tolls'', ou ''Por quem os sinos dobram'' em tradução para a língua portuguesa, na qual sabiamente aponta que:
“Nenhum