Protestos de 2013
As manifestações ocorridas em junho de 2013 tornaram-se um interessante fenômeno para análise política por seu acentuado simbolismo em que pese o pouco efeito prático que trouxe para a efetivação de mudanças sociais. A mobilização teve como elemento deflagrador o anúncio de reajuste das passagens de transporte público feito pelas prefeituras e governos das principais cidades do país. O primeiro desses protestos foi organizado em São Paulo pelo Movimento Passe Livre (MPL) em 3 de junho, na zona sul de São Paulo, na estrada M’Boi Mirim. Os organizadores buscavam pressionar o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que voltassem atrás no aumento em 20 centavos na tarifa do ônibus, metrô e trens. No mesmo dia, ocorreu uma manifestação no Rio de Janeiro, em frente à * Doutorando em Ciência Política. Professor do Curso de Relações Internacionais, Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense. Endereço: Alameda Professor Barros Terra, s/nº, 2º andar (antigo prédio do CEG). Telefone: (21)2629-9960 Email: eduardoheleno@id.uff.br Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.10, n.1, p.86-95, maio 2014, http://www.ibict.br/liinc 87 Assembleia Legislativa, para também impedir o reajuste da tarifa em 20 centavos. Diante da falta de resposta das prefeituras e dos governos estaduais, novas manifestações foram agendadas, atraindo público cada vez maior. O segundo protesto em São Paulo, realizado em frente ao Teatro Municipal, três dias depois, contou ao menos duas mil pessoas e terminou com depredações, 15 pessoas detidas e três feridas. Em poucos dias, os protestos foram ganhando cada vez mais adeptos e alcançaram outras capitais. Já no dia 16 de junho, cem mil pessoas participaram de uma manifestação na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. No dia 20, foi a vez de cem mil manifestantes ocuparem a Avenida Paulista. Em Brasília, cidade onde os transportes não foram reajustados, manifestantes ocuparam a Praça dos Três