Protecionismo isola o Brasil
O principal prejudicado pelo isolamento brasileiro é o consumidor local. Com inúmeras barreiras aos produtos estrangeiros, o mercado consumidor brasileiro fica refém da produção e da composição de preços nacionais. Com custos altos, a tendência é ter à disposição uma série de produtos caros.
Segundo um levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), eletrônicos, roupas, calçados e carros são os melhores exemplos de produtos que são muito caros no Brasil se comparados com os preços praticados em outros países. Em média, o mesmo tênis que é comprado em uma loja de rua brasileira é 21,3% mais caro que se comprado nos Estados Unidos. O mesmo acontece com smartphones – com uma diferença de 53%, em média, no valor. Nos automóveis, a diferença é tamanha que o preço de um carro popular brasileiro é o mesmo de um carro esporte na Europa.
“Hoje as pessoas viajam e compram roupas, tênis e outros produtos que não eram para ter uma disparidade tão grande com o mercado externo, mas o excesso de barreiras levou a isso”, afirma o economista especialista em macroeconomia Mansueto Almeida. “Isso acontece porque a tarifa de importação não se restringe aos 35% de taxa máxima, mas a uma taxa efetiva muito maior, que quase dobra o preço das coisas”, conclui.
Comerciantes e indústrias também pagam por isso. “As barreiras, que garantem competitividade no mercado interno não existem a nosso favor. Abrir fronteiras é quase impossível para o empresário local”, explica o economista Roberto Ellery.
Poucos setores com produção local encontram saída no mercado externo. “O desafio para ser competitivo no Brasil é muito grande, com um custo para produção local altíssimo”, explica o vice-presidente de engenharia da Bosch na América Latina, Mário Massagardi. A fábrica de Curitiba consegue manter 60% dos seus clientes fora do Brasil por um motivo simples: o mercado de carros a diesel no país se restringe aos caminhões, enquanto na Europa e