Promoção da saúde
Pensar a promoção da saúde em uma perspectiva ampla exige que se leve em consideração além de sua dimensão social, sua dimensão política e seu impacto direto na redefinição de saberes e práticas bem como a reestruturação dos processos de trabalho afim de que se possa estabelecer ações de amplo alcance e consoantes com as realidades sociais dos sujeitos implicados.
Essa abordagem esbarra ainda nos resquícios históricos que atribuíram ao cuidado em saúde uma forte característica medico-hegemônica, priorizando as práticas curativas. Percebemos ainda na atualidade o grande enfoque que é dado à doença em detrimento à sua ausência e manutenção desta condição. A prática medicalizante, responsável por patologizar eventos e sofrimentos cotidianos é marca frequente da contemporaneidade e envolve a manutenção de uma imensa rede de interesses econômicos. A indústria farmacêutica e de equipamentos médico-hospitalares cresce e desenvolve novas tecnologias a cada dia, o que envolve custos cada dia mais elevados para que as inovações cheguem até os serviços, desse modo o dinheiro gasto na compra e manutenção de tecnologias-duras para os serviços de saúde, esmagam os orçamentos públicos, limitando os gastos com obras de cunho social, como saneamento básico, por exemplo.
O texto remete ainda à impossibilidade de se pensar a promoção da saúde dicotomizada da participação social, sendo tido como argamassa fundamental dessa ideia a noção de corresponsabilização, ou seja, o alcance de condições favoráveis à saúde é de responsabilidade do estado, através do planejamento, implementação e avaliação de medidas que transcendam o setor saúde, como moradia, educação, acesso à bens de consumo essenciais, transporte, segurança e educação, ao passo que os sujeitos também assumam a responsabilidade pelo seu bem-estar. Este é um outro ponto que merece realce uma vez que parte da premissa de