Professor Doutor
Agradeço à Dr.ª Fátima Lencastre, Presidente da Direção da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa e ao Professor Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente da Direção da Associação de Antigos Alunos da Universidade de Lisboa, UL Alumni, o honroso convite para proferir esta intervenção.
Por se tratar de uma fala inaugural, em nome da nossa Associação UL Alumni, existe uma responsabilidade acrescida para o orador e um testemunho de confiança por parte do comitente, que a todos os títulos me desvanece.
Procurarei pela minha parte - em discurso que só a mim vincula, ciente de limitações e enviesamentos possíveis - estar à altura dessa responsabilidade e dessa confiança; caberá sempre ao qualificado auditório, em última e decisiva instância, aquilatar do meu desempenho.
Convido-vos a acompanharem-me, numa breve viagem pelo tempo, para melhor contextualizarmos o aparecimento do ensino universitário em Portugal.
Na idade média a instrução de um jovem dependia, em geral, da sua condição na sociedade, dos seus meios de fortuna e da localização geográfica da sua infância e adolescência. Não se colocavam problemas como o do ensino primário ou do ensino obrigatório. Instruir não se julgava dever da Coroa, nem de ninguém. Abra-se apenas a exceção religiosa. E essa, quantas vezes, foi a determinante de um mínimo de indivíduos alcançarem um pouco de educação. Havia que ensinar os mistérios da Fé, as orações mais importantes, a forma de assistir aos ofícios.
Cada convento era uma escola em potência, quantas vezes mal situada, longe dos centros populacionais importantes e por isso de fraca irradiação cultural. Franciscanos e dominicanos podiam andar de terra em terra e levar consigo a instrução, quando a possuíam. Mas eram poucos. A tarefa de pregar, de confessar, de lutar contra a heresia, o paganismo, a superstição ou a indiferença religiosa absorvia-os e deixava-lhe pouco tempo livre. Se atentarmos nestas