procurando politicas educacionais
Eu já era maduro o suficiente com professor primário, já com uns bons anos, quando a meu próprio pedido aceitei o desafio de trabalhar no ensino especializado. Eu pensava que era um bom professor, com idoneidade suficiente para lidar com situações difíceis. Fui-me então concedido uma turma de crianças que tinham aversão escolar como característica comum.
Essas crianças que tive de enfrentar não suportavam o enquadramento escolar, regras e leis em vigor e nem mesmo os professores. São crianças com um passado negro: expulsas em várias instituições de ensino, devido a indisciplina e actos de violências, apesar de sua pouca idade. Quando entrei em contacto com esses alunos, todas as competências que julgava ter como professor caíram por terra. Pois eu não conseguia mantê-los na sala de aulas, eles saiam e do lado de fora riam-se de mim, eu ficava com poucos na sala de aulas que nem prestavam atenção ao que eu falava. Descobri então que eu sabia muito pouco de pedagogia, quase nada.
Esses alunos a meu dispor, classificados na altura como "crianças com perturbações de comportamento e da conduta", não sabiam ler nem escrever, não conheciam nenhuma gramática e nem matemática, nem organizar o mínimo de raciocínio. Importa referir que algumas delas eram crianças astutas, com notável inteligência fora de aulas mas quando em sala de aulas para um aprendizado formal, bloqueavam como que com medo de se permitir a aprender. Pouco tempo depois, já a me dar por derrotado e sem alternativas, encontrei uma luz no fundo do túnel, a minha salvação: um livro de contos deixado pelo meu predecessor numa prateleira na sala de aulas.
Este livro salvaguardou-me como pedagogo e mudou a minha relação com os meus alunos. Comecei a ler o livro de contos para as poucas crianças que ficaram e as outras, aos poucos retornavam a sala para ouvir as histórias e pouco tempo depois o ambiente mudou naquela sala. A troca de