processo de criação e comunicação
2.1 ARTE, LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Como uma manifestação humana, a arte é eminentemente comunicacional, pois ela já se estabelece como tal numa expectativa de mediação com outros sujeitos, constituindo-se como linguagem. Para Kristeva (1999, p.14-15) “[...] quem diz linguagem diz demarcação, significação e comunicação. Neste sentido, todas as práticas humanas são tipos de linguagem visto que têm a função de demarcar, significar e comunicar”.
Os estudos genéticos colocam
mais dinamicidade a essa relação
comunicativa entre obra e público, e mesmo entre público e artista, uma vez que possibilitam o acesso a algumas das chaves que colocam a arte desnuda do mito da genialidade sobre-humana. Desse modo, faz-se necessária a análise dos documentos do processo também à luz das Teorias Gerais da Comunicação.
Mesmo que o público não tenha acesso direto à intencionalidade e às tendências da mente criadora, o objeto as carrega consigo, comunicando-as aos sentidos dos sujeitos com os quais se põem em interação, sujeitos da recepção da obra. Assim, o tempo da gênese da obra continua seu movimento no tempo da sua recepção.
. Linguagem e os documentos do processo
Considerando-se que os documentos do processo de artistas plásticos caracterizam-se como
sistemas
complexos
não-lineares
exteriorizados
na
intersemiose de signos verbais, numéricos, sonoros e, principalmente, os visuais, pode-se dizer que a interação desses sistemas evidencia uma tendência comunicativa para os documentos do processo. Mas como eles demarcam e significam? Como o desenho se configura como linguagem? Não é objetivo deste trabalho responder definitivamente a todas essas questões, mas sim contribuir para
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a inserção dos documentos do processo nos debates sobre o ato comunicativo inerente às práticas humanas.
Pode-se dizer, até agora, que está evidente que os documentos de processo estabelecem-se numa