Processo civilizatorio
POVOS GERMINAIS
O processo civilizatório, acionado pela revolução tecnológica que possibilitou a navegação oceânica, transfigurou as nações ibéricas, estruturando‐as como impérios mercantis salvacionistas. Assim é que se explica a vitalização extraordinária dessas nações, que de repente ganharam uma energia expansiva inexplicável numa formação meramente feudal e também numa formação capitalista. Mesmo porque essas últimas só surgiram mais tarde, na Inglaterra e na Holanda.
De fato, as teorias explicativas da história mundial não oferecem categorias teóricas capazes de explicar seja o poderio singular que alcançou a civilização Árabe por mais de um milênio de esplendor, seja a expansão ibérica, que criou a primeira civilização universal. Essa carência é que nos obrigou, em nosso estudo do processo civilizatório (Ribeiro 1968, 1972), a propor, com respeito ao mundo árabe, a categoria de império despótico salvacionista, enfatizando o caráter atípico de seu salvacionismo, que nunca quis converter ninguém. Simplesmente conquistavam a área, gritavam o
Jihad e deixavam o povo viver.
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A certa altura, como aconteceu com todas as civilizações, entram em obsolescência e se feudalizam, abrindo espaço para um novo gênero de salvacionismo. Ao mundo ibérico propusemos a categoria de império mercantil salvacionista, gerado pela mesma revolução tecnológica, a mercantil, que deu acesso ao ultramar. Tecnologia gerada no mundo árabe e no mundo oriental, mas acolhida e concatenada primeiro pelos portugueses. Os iberos, num primeiro movimento, se livraram da secular ocupação árabe e expulsaram seu contingente judeu, assumindo inteiro comando de seu território através de u m poder centralizado que não deixava espaço para qualquer autonomia feudal ou qualquer monopólio comercial.
Num segundo movimento, se expandiram pelos mares, lancando‐se em guerras de conquista, de saqueio e de evangelização sobre os povos da
África, da