Problemas do sus
Vivemos certamente um SUS multifacetado, com muitos êxitos e muitas contradições. Esse SUS que tanto é alvo de críticas é fruto de um movimento radical pela democratização do nosso país que iniciou na década de 70, mas até hoje não “ganhou” a população de uma forma geral. O SUS melhorou muito o acesso da população à saúde, pois antes de 5 de outubro de 1988 só quem tinha acesso ao serviço público de saúde eram os trabalhadores formais de nossa economia (aqueles que possuíam “carteira de trabalho assinada”). Houve, além disso, uma ampliação do acesso a outros serviços, antes inimagináveis, como: vacina, tratamento de câncer, saúde da família, etc. Mas não podemos negar que o SUS ainda encontra-se incompleto.
A implantação do SUS enfrenta obstáculos complexos que vêm determinando a polarização de posições no debate político institucional em torno da questão da suficiência ou insuficiência de recursos para sustentar uma política eficaz de intervenção.
Em decorrência da desestruturação do mercado de trabalho e do desemprego, segmentos de maior renda estariam utilizando mais o SUS em decorrência da perda do poder aquisitivo e da possibilidade que o acesso universal e gratuito dá a esses segmentos de obter ou um rebaixamento de seus custos privados com atenção à saúde ou não mais realizálos. Note-se que a mesma pesquisa Ibope mostra que quando perguntado sobre os três maiores problemas que o entrevistado e sua família vinham enfrentando, 48% indicou o desemprego, 37%, o nível salarial e 37%, a saúde (respostas múltiplas).
Enquanto 54,7% dos indivíduos mais pobres têm acompanhamento médico em decorrência de problema crônico de saúde, no estrato mais alto 82,9% dos indivíduos declaram ter acesso a esse tipo de serviço. Nota-se, entretanto, que o local onde é realizado esse acompanhamento é predominantemente a rede pública, para todos os estratos de renda, com exceção do último. Os mais ricos também fazem exames