Princípios Fundamentais da Medicina Tradicional Chinesa
Prof. MSc. Luiz Mercanti
A medicina tem suas raízes fundadas num passado longínquo. Evidências de rituais combinando pensamento mágico e técnicas primitivas de cura datam de milhares de anos. O instinto de medicar-se pode ser encontrado mesmo em espécies inferiores. Animais silvestres, por exemplo, chegam a viajar grandes distâncias em busca de plantas que contenham princípios ativos capazes de tratar suas afecções; o ato de lamber as próprias feridas, para promover assepsia local através das propriedades germicidas da saliva, é um traço comum do comportamento animal.
Desde os primórdios, a preocupação com a saúde é inerente à condição humana que, como testemunha do próprio sofrimento, procura prevenir-se das doenças e curar seus males. O saber ancestral, perpetuado ao longo das gerações por meio da tradição oral, avança através dos tempos e permeia as mais diversas culturas e civilizações.
Registros históricos sinalizam práticas terapêuticas realizadas pelos Egípcios (The Medical Papyrus – 1630 a.C.); Chineses (Shen Nung: Fitoterapia – 2800 a.C.); Indianos (Atharaveda – 2200 a.C.) e Gregos (Aforismos de Hipócrates – 400 a.C.).
A origem da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) remonta das comunidades tribais da sociedade primitiva chinesa. Sua teoria básica surgiu da observação empírica das relações do homem com o meio ambiente. O homem primitivo chinês, observando os fenômenos que ocorrem na natureza, conseguiu criar uma estrutura conceitual filosófica: o Taoismo, que existe até hoje em sua cultura. Os chineses percebem o corpo humano como imagem do universo. A cosmovisão taoísta situa o homem como elo entre o Céu e a Terra, ganhando vida desde a primeira inspiração – o segredo da vida está no sopro vital – através do qi (leia-se tchi) que dos pulmões espalha-se por todo o corpo. Todo esse conteúdo filosófico deu origem aos conceitos que embasam a teoria da MTC.
O qi expressa-se por duas polaridades