Presos Ao Desejo
Dentro do luxuoso automóvel, Luiz Carlos Montes deu uma olhada no papel, confirmou o endereço e examinou a vizinhança. Não era o que esperava. Fora um erro ir de carro. Naquele tipo de bairro, qualquer coisa de valor poderia ser roubada ou vandalizada apenas por diversão.
A luz da rua, a casinha com varanda travava uma batalha perdida para parecer atraente no meio de outras menos cuidadas. A direita do jardim minúsculo havia um quadrado cimentado com várias latas de lixo. À esquerda, um quadrado semelhante, onde um carro enferrujado se apoiava em cima de blocos de concreto. Mais além se via uma série de lojas: um delivery de comida chinesa, uma agência de correio, uma loja de bebidas e um jornaleiro que parecia ser o ponto de encontro do tipo de jovens que Luiz suspeitava serem capazes de depenar seu carro assim que ele se afastasse.
Felizmente, ele não precisava se preocupar com os rapazes. Com l,92m, um corpo musculoso, graças a rigorosos exercícios e à pratica de esportes, quando lhe sobrava tempo, seria perfeitamente capaz de amedrontar um grupo de adolescentes indolentes. Com a previsão de neve e precisando responder a vários e-mails antes que todos se recolhessem para desfrutar as festas de Natal, aquela seria a última coisa que Luiz gostaria de fazer em uma sexta-feira de dezembro. Mas obrigações familiares eram obrigações familiares, e não lhe restava escolha. E, depois de ter visto o buraco que era aquele lugar, ele precisava admitir que a sua missão, apesar de inconveniente, era necessária. Luiz suspirou e saiu do carro. A noite estava fria até mesmo para Londres. A geada que caíra durante as noites da semana anterior não derretera e cobria o carro enferrujado do jardim ao lado da casa e as tampas das latas de lixo, do outro. Luiz sentiu o cheiro de comida chinesa e torceu o nariz. Aquele era o tipo de bairro que ele não frequentava. Nem precisava. Quanto mais rápido resolvesse o problema e saísse dali, melhor. Com isso em mente, pressionou a