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Zé
Malandro não tinha. Nem o ferreiro, o médico e o jovem viajante que aparecem nas histórias deste livro, contadas há séculos pelo Brasil afora. Contos de enganar a morte reúne quatro das principais narrativas populares sobre a hora de
"abotoar o paletó", "entregar a rapadura",
"bater as botas",
"esticar as canelas". Como conta Ricardo Azevedo: "Na verdade, existem poucas histórias tratando do assunto. Creio que o livro traz alguns dos principais enredos abordando o herói que não quer morrer e inventa mil truques e ardis para dar um jeitinho de escapar da morte".
Escritor e ilustrador de vários livros, Ricardo também ganhou fama pela pesquisa que vem realizando sobre cultura popular. Desde 1980 ele seleciona histórias contadas pelo povo brasileiro. As quatro narrativas deste livro chegaram aqui principalmente através dos portugueses. Por serem transmitidas oralmente, essas histórias costumam ter várias versões: quem conta um conto, aumenta um ponto, diz o ditado. O trabalho de Ricardo é confrontar as diferentes versões e recontar, a seu modo, tentando sempre recuperar a essência de cada história,
Para isso, tem estudado efeito valer seu talento de bom contador de "causos", imprimindo um tom simples e bem-humorado.
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Os desenhos do livro também são de sua autoria. Cheios de minúsculos detalhes decorativos, personagens em desproporção, símbolos e paisagens estáticas, recursos típicos da iconografia popular. O traço firme e grosso e mesmo a colocação das imagens dentro da página lembram muito a xilogravura de cordel e as pinturas primitivistas.
Lendo essas histórias você vai perceber que, se o tema da morte assusta, ele também é capaz de fazer pensar e de provocar boas risadas.
Os editores
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E r a um homem pobre. Morava num casebre com a mulher e seis filhos pequenos. O homem vivia triste e inconformado por ser tão miserável e não conseguir melhorar de vida.
Um dia, sua esposa sentiu um inchaço