Preparando um documento
Desidério Murcho
Universidade Federal de Ouro Preto
Departamento de Filosofia
1. Introdução
Estas breves notas visam ajudar os estudantes a estudar melhor. Muitas das indicações dadas aplicam-se ao estudo de qualquer área, e não apenas da filosofia.
A base do estudo é a leitura atenta e activa de livros adequados, complementada pelo esclarecimento e discussão oral. Por isso, iremos explicar 1) o que são livros adequados, 2) o que é a leitura atenta e activa, 3) o que é o esclarecimento e discussão oral — e como estes diversos elementos se relacionam e enriquecem mutuamente.
2. Saber que não se sabe
Uma dificuldade séria dos estudantes mal preparados é serem incapazes de distinguir o que sabem do que não sabem e o que compreendem do que não compreendem. Estudantes habituados a repetir ideias à toa, sem uma genuína compreensão, não têm consciência do que não sabem. Ora, sem esta consciência, o estudante não só não procura a ajuda dos professores e colegas, como não sabe o que precisa de fazer por si mesmo para colmatar as suas lacunas de compreensão.
Para que tenhamos consciência do que não sabemos ou do que não compreendemos temos de ser honestos connosco mesmos. Isso significa fazer uma pergunta muito simples: “O que quer esta parte do livro realmente dizer?” Fazer esta pergunta muito honesta, a cada parte que lemos, permite-nos descobrir quando não estamos lendo um texto adequado para o estado do nosso conhecimento. Num texto adequado ao estado do nosso conhecimento poderá haver dois ou três aspectos de pormenor que não compreendemos. Porém, se lemos um livro e não compreendemos quase nada, isso significa que temos de procurar outro livro que nos explique o que precisamos de saber para podermos compreender o primeiro. Ou seja, temos de procurar bibliografia introdutória adequada aos nossos conhecimentos. Ler a Crítica da Razão Pura de Kant sem saber previamente filosofia é uma má ideia por isso mesmo.
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