Preconceito
Isso não foi intencional, e é justamente esse o problema: o racismo guardado, escondido e silencioso, que, sem querer, a peça publicitária revela. Ele não só existe como nos esforçamos em ignorá-lo, tamanha é a força persuasiva da ideia de que um país, outrora escravocrata, possa ser livre de preconceito racial. No Brasil, por exemplo, uma pesquisa realizada junto uma amostra representativa da população nacional revelou que 90% dos entrevistados se considera não racista, enquanto uma igual porcentagem de brasileiros acredita que existe racismo no Brasil. Essa concepção está na origem do mito fundador do Brasil ―aquele de que somos uma conjunção harmônica de índios, europeus e africanos. Um pensamento hipócrita, mas duradouro, que vinga como solução imaginária para tensões de uma nação formada de maneira autoritária, de cima para baixo.
Segundo Lima & Vala (2004), o racismo constitui-se num processo de hierarquização, exclusão e discriminação contra um indivíduo ou toda uma categoria social que é definida como diferente com base em alguma marca física externa (real ou imaginada). Existe, neste fenômeno, uma crença na distinção natural dos grupos, ou prevalece a ideia de que os grupos são diferentes porque possuem elementos essenciais que os constituem como diferentes. Assim que transmitido, o comercial da Caixa foi detonado por críticas, até que a