Pre-socraticos
Os pré-socráticos são reconhecidos como iniciadores do pensamento filosófico-científico, por terem empreendido a passagem do mythos ao logos. Tal passagem não implicou o total abandono dos mitos - cujo escopo não se limita àqueles fatos naturais que passaram a ser explicados pela causalidade científica (SNELL). Mais precisamente, houve um movimento de suprassunção do mythos pelo logos (BAMBIRRA). Apesar do reconhecimento da importância desses filósofos, não é comum que se estude suas contribuições referente ao humano, pois crê-se, erroneamente, que estariam preocupados apenas com o universo da natureza (physis). Faz-se necessário notar que a nova forma de explicação da realidade, contemplada em sua totalidade através de um método que buscava argumentos fundados na razão (logos), propiciou o surgimento de reflexões acerca do homem a partir de sua própria imanência. Embora não se possa reconstruir de forma homogênea o pensamento dos pré-socráticos, sem dúvida houve grande esforço por parte desses para o estabelecimento de uma homologia entre a polis e o kosmos. Portanto, é reducionista a visão da filosofia pré-socrática somente a um horizonte naturalista. Trata-se, portanto, de buscar resgatar o humano no pensamento pré-socrático.
CONCLUSÃO:
Os pré-socráticos iniciaram a construção de uma visão integrada e integral do ser humano, apta a superar a visão disjuntiva do período anterior, evidente, sobretudo, na narrativa homérica. Os temas de Direito, Justiça e Estado ganharam importância na obra desses filósofos, tornando possível uma gradual ruptura com o mundo da physis, em um movimento levado a cabo pelos sofistas. Exemplo dessa mudança foi a transferência do conceito de Justiça do âmbito do divino para a natureza, configurando o primeiro período do direito natural na tradição ocidental. A presença de traços de interioridade na obra desses filósofos - ainda que manifestos como um humano prático, relacionado aos problemas da pólis