Poética
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será tabela co-senos secretário do amante exemplar com cem modelo de cartas e as diferentes maneiras de agradar as mulheres.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
-Manuel Bandeira, Poética. Bom, uns dos grandes poetas brasileiros Manuel se desfaz de todo
Lirismo que não o liberta nem o segura. Lirismo montado, falso.
Buscando, neste poema, um lirismo natural e bem feito.
Como diria Bukowski, se não sai de ti a explodir apesar de tudo, não o faças. A menos que saia sem perguntar do teu coração, da tua cabeça, da tua boca das tuas entranhas, não o faças. Se tens que estar horas sentado a olhar para um ecrã de computador ou curvado sobre a tua máquina de escrever procurando as palavras, não o faças. Se o fazes por dinheiro ou fama, não o faças. Se o fazes para teres mulheres na tua cama, não o faças. Se tens que te sentar e reescrever uma e outra vez, não o faças. Se dá trabalho só pensar em fazê-lo, não o faças. Se tentas escrever como outros escreveram, não o faças. Se tens que esperar para que saia de ti a gritar, então espera pacientemente. Se nunca sair de ti a gritar, faz outra coisa. Se tens que o ler primeiro à tua mulher ou namorada ou namorado ou pais ou a quem quer que seja, não estás