Poética de Mário de Andrade
Mário Raul de Morais Andrade nasceu no dia 9 de outubro de 1893 em São Paulo. Era filho de família rica e aristocrática. Foi um grande poeta, escritor, folclorista, crítico literário, ensaísta brasileiro e reconhecido como um dos pioneiros na poesia moderna brasileira. Seus pais concederam educação formal apenas em música, porém dominava arte, história, poesia e francês, tendo lido muitos poetas simbolistas franceses durante sua infância, dentre eles, Rimboud. Seu interesse por poesia sempre foi notável desde que esteve no Conservatório, porém não pensava em seguir essa carreira profissional. Porém, teve que desistir da carreira de pianista após um tremor que passou a desenvolver nas mãos devido à morte de seu irmão de 14 anos. Apesar de ter se formado no Conservatório, Mário não se apresentou mais. Estudou então canto e teoria musical com o objetivo de dar aula de música. Suas obras são indispensáveis para que se entenda a arte moderna da Semana de 22. A virtude de Mario foi romper o parnasianismo da elite, criando uma linguagem mais brasileira. Sua poética sofre estágios de evolução: em sua primeira obra, “Há uma Gota de Sangue em Cada Poema” (1917), os poemas apresentam um estilo conservador. O livro mostra aspectos de uma crescente percepção do autor em relação a uma identidade particularmente brasileira, mas, assim como a maior parte da poesia brasileira produzida na época, o faz num contexto fortemente ligado à literatura européia—especialmente francesa. O objetivo era promover a paz e denunciar a Primeira Guerra Mundial que estava acontecendo desde 1914. Abaixo segue o poema:
“Assim como há resquício de barro
Nas estradas asfaltadas
E ruínas pelo impacto das guerras e catástrofes
Há em cada poema uma lágrima;
Assim como ecoa aplausos e vaias
Da grande semana! Onde sobra
Pedaços mastigados na antropofagia
Mário não desperdiçaria uma idéia
Sem que esfacelasse fontes, rituais e oferendas.