Portugues 2004
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Valorizar o professor do ciclo básico
Como não sou perito em futurologia, devo limitar-me a fazer um exercício de observação. Presto atenção ao que se passa na escola hoje e suponho que, daqui a 25 anos, as tendências atuais persistirão com maior ou menor intensidade. Provavelmente, o analfabetismo dos adultos terá sido erradicado e o acesso à instrução primária terá sido generalizado.
Tudo indica que a demanda continuará a crescer em relação ao ensino secundário e superior. Se os poderes públicos não investirem sistematicamente na expansão desses dois níveis, a escola média e a universidade serão, em grande parte, privatizadas.
A educação a distância será promovida tanto pelo Estado como pelas instituições particulares. Essa alteração no uso de espaços escolares tradicionais levará a resultados contraditórios. De um lado, aumentará o número de informações e instrumentos didáticos de alta precisão. De outro lado, a elaboração pessoal dos dados e a sua crítica poderão sofrer com a falta de um diálogo sustentado face a face entre o professor e o aluno.
É preciso pensar, desde já, nesse desafio que significa aliar eficiência técnica e profundidade ou densidade cultural.
O risco das avaliações sumárias, por meio de testes, crescerá, pois os processos informáticos visam a poupar tempo e reduzir os campos de ambigüidade e incerteza. Com isso, ficaria ainda mais raro o saber que duvida e interroga, esperando com paciência, até vislumbrar uma razão que não se esgote no simplismo do certo versus errado. Poderemos ter especialistas cada vez mais peritos nas suas áreas e massas cada vez mais incapazes de entender o mundo que as rodeia. De todo modo, o futuro depende, em larga escala, do que pensamos e fazemos no presente.
Uma coisa me parece certa: o professor do ciclo básico deve ser valorizado em termos de preparação e salário, caso contrário, os mais belos planos ruirão como castelos de