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Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
O soneto Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, foi escrito numa época de transição entre o Simbolismo e o Pré-modernismo. O primeiro caracterizava-se pela valorização dosubjetivismo e do lado místico e espiritual, bem como pelo mistério e musicalidade das palavras. (Esta característica deve-se ao fato de que os simbolistas escolhem as palavras segundo sua musicalidade e o seu poder de sugestão). O segundo,
Personagens: A ingratidão
Espaço: enterro, terra miserável.
Época:
Temática:
Linguagem: O autor utiliza muito da personificação ironia
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
O soneto Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, foi escrito numa época de transição entre o Simbolismo e o Pré-modernismo. O primeiro caracterizava-se pela valorização dosubjetivismo e do lado místico e espiritual, bem como pelo mistério e musicalidade das palavras. (Esta característica deve-se ao fato de que os simbolistas