Por uma outra globalização
Introdução Geral
Cap. I: O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade.
Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das tecnologias, de outro lado, há, também, referencia obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todas essas, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, alias, permite que o mundo confuso e confusamente percebido.
Seus fundamentos são informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império do dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida pessoal.
Pra escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.
O mundo tal como nos fazemos crer: a globalização como fábula.
Este mundo globalização, visto como fábula, erige como verdade um certo número de fantasias, cuja repetição, entretanto, acaba por se tornar uma base aparentemente sólida de sua interpretação (Maria da Conceição Tavares, destruição não criadora, 1999). A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualização é feita de peças que se alimentam mutuamente e põem em movimento os elementos essenciais a continuidade do sistema.
Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o