Por uma definição do estatuto do livro didático no quotidiano escolar
Régis Bueno da Silva[2]
Não há saber neutro. Todo saber é político.
(…) o poder não se dá, não se troca nem se retoma, mas se exerce, só existe em ação (...) Michel Foucault
Considerações Iniciais
Este trabalho, que se apresenta como uma reflexão da disciplina de Cultura e poder na gestão escolar da Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência no Ensino Superior, tem como objetivo a questão poder e sua relação com a escola. Trata-se, então, de um trabalho em que as interpretações, as referências e discussões aqui propostas estão calcadas a partir das definições realizadas em sala de aula sobre a concepção liberal e marxista de Estado, hegemonia, burocracia e relações de poder. Nesta perspectiva, a nossa reflexão está centrada em objetos pertencentes à prática pedagógica de um saber instituído pela escola. Entre tais objetos, optamos pelo livro didático como materialidade discursiva pedagógica. A opção pela análise do livro didático diz respeito às discussões realizadas em sala aula sobre a crítica do jornalista Ali Kamel do jornal O Globo, em relação ao livro didático “Nova História Crítica, de Mario Schmidt, publicado pela editora Nova geração. Porém, o nosso objetivo não é estabelecer considerações a favor ou contra tal objeto, mas partiremos da noção dos conceitos-chave de minha formação[3] para dar início a uma possível definição de escola e livro didático e sem perder de vista as relações de saber e poder.
Por uma definição de escola e livro didático
Historicamente, a escola constitui-se como uma instituição que se responsabiliza pela formação das crianças e dos adolescentes fora do âmbito familiar. Na idade Média, os costumes escolares eram baseados na tradição monástica de