Por que sou terapeuta TCC
Por que sou Terapeuta
Cognitivo-Comportamental?1
Bernard Pimentel Rangé
UFRJ
Tarefa dificil a que me foi proposta. A pergunta pressupõe que eu seja um terapeuta cognitivo, o que, para mim, não é uma definição clara da minha identidade profissional. Tenho atuado como terapeuta comportamental há cerca de 25 anos e, no mínimo, me acostumei a me ver assim. Acho que também sou visto dessa forma na comunidade científica, e especialmente na comunidade psi, tanto que é dentro desta identidade que sido convidado a participar de inúmeras atividades científicas. Tenho publicado trabalhos que se identificam como comportamentais ao longo de toda a minha vida, como o próprio Manual de Psicoterapia Comportamental, do qual fui, juntamente com Harald Lettner, um dos organizadores. Fui recentemente aprovado em concurso p6blico para a Universidade Federal do Rio de Janeiro para a disciplina Terapia
Comportamental. Ora, então estou eu, aqui, neste momento, ocupando este lugar e respondendo a esta pergunta? Serei, apesar do que disse acima, percebido como cognitivista? Em que minha prática ou minha produção literária contribui para estabelecer esta identidade? Será, talvez, que o problema não seja da minha identidade mas sim da identidade dessas abordagens? O que é ser comportamental? O que é ser cognitivo? Historicamente, a revolução comportamental iniciou-se como uma reação ao introspeccionismo wundtiano e titcheneriano. Watson mostrava-se insatisfeito com a impossibilidade de verificação objetiva que a psicologia introspeccionista exibia. Daí ter passado a questionar o objeto e os métodos de investigação da psicologia tradicional.
Sentia-se insatisfeito também – e não poderia ser de outro modo, dadas as características culturais norte-americanas que o moldaram – com as dificuldades de uso prático do conhecimento assim adquirido. Depois de negar legitimidade científica àquela psicologia, o que lhe foi relativamente fácil, surgiu o problema de