Política
A busca sem fim de uma solução para o ser humano conviver com si mesmo é o significado último da política. E essa solução parece nunca ser definitiva, oscilamos pendularmente entre a nossa evolução e a nossa destruição enquanto compassamos a história.
Analisando como a sociedade formou-se e chegou ao que é podemos traçar vários caminhos. Podemos partir de uma visão jusnaturalista, da transição de um estado da natureza de guerra ou de inocente paz até a sociedade civil, que nos salva da destruição, nos oprime ou traz a liberdade. Dispõe-se de uma trilha aristotélica da evolução do indivíduo à família, desta à aldeia com o tamanho do grupo crescendo até a nação . Sigamos ainda pelo historicismo ou pelo materialismo, um problema sempre permaneceu constante na filosofia política: como combinamos desejos, interesses, forças e vidas, todos singulares, em um corpo social único? O que devemos esperar quando tentarmos construir uma casa com tijolos com formas tão diferentes, onde suas faces ora encaixam-se, ora não?
A intenção deste trabalho é trazer uma visão geral de como os grupos e os interesses são vistos na teoria política clássica e tentar unir pontos dispersos em vários filósofos políticos clássicos, de Maquiavel a Tocqueville, sobre os conflitos, a existência de grupos e os seus efeitos na sociedade.
Reconhecendo a divisão
A mais contundente descrição da divisão existente entre os seres humanos vem de Hobbes, já que para ele a natureza fez os homens tão iguais que “a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que um outro não possa também aspirar ”, “portanto se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos ”. Hobbes não apenas reconhece a existência da divisão conflituosa, como também intui o pluralismo