Política Externa Brasileira
Maria Regina Soares de Lima
Professora e Pesquisadora do IESP-UERJ
Coordenadora do OPSA
Creio ser possível afirmar que a inserção internacional do Brasil, mudou significativamente do final dos oitenta até os dias de hoje. Até que ponto as alterações na política externa contemporânea autorizam os analistas a afirmar que estamos experimentando uma nova fase na política internacional brasileira em que a descontinuidade seria o traço mais característico da mesma? Vivemos hoje uma quebra do tradicional consenso com relação à política externa, como querem alguns ou apenas uma mudança de ênfase como argumentam outros? Por que a política externa está na agenda eleitoral hoje? Estas são algumas das questões que se colocam para o analista da política externa na atualidade. Para tentar respondê-las é preciso que se leve em conta as mudanças nas esferas global, regional e doméstica. Mudanças Globais e Regionais
No plano global se alteraram significativamente as restrições sistêmicas a que estavam submetidos os países em desenvolvimento a partir dos anos 80 e início dos 90. Na atualidade, estamos assistindo os resultados da confluência no tempo de duas mudanças estruturais do sistema internacional: o fim da guerra fria e a erosão do regime de produção fordista. A primeira, de natureza política, ocasionou dois movimentos não convergentes.
Por um lado, o descongelamento do status quo do pós-segunda guerra gerando focos de instabilidade que se manifestaram no reaparecimento de conflitos locais e regionais congelados na bipolaridade. Um indicador desta instabilidade foi o aumento vertiginoso das
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operações da paz das Nações Unidas desde os anos 80.1 Por outro, o fim da bipolaridade descongelou também a política internacional nos âmbitos em que aquela rivalidade impunha alinhamentos excludentes e, muitas vezes, paralisia