Politica
A COMPETIÇÃO SUBTIL
Abdul Magid Osman | Nelson Saúte
INTRODUÇÃO
Para compreender ou equacionar a posição de Moçambique no Mundo, é necessário empreender, ainda que sucintamente, um quadro histórico das alterações dramáticas que ocorreram no passado (longínquo e recente) ao nível da região austral de África – cuja influência é decisiva — e ao nível planetário — sobretudo a correlação de forças entre o Ocidente e o chamado Bloco Socialista —, cujas tensões, no contexto da Guerra Fria, por exemplo, são representativas da dimensão, extensão e consequências do conflito —, o que não só marca o posicionamento de Moçambique, mas lhe determina o percurso perante estas transformações, algumas das quais absolutamente vorazes.
Moçambique procede de uma relação, quase sempre complexa, entre o centro e a periferia, onde a solidariedade e o conflito se cruzam permanentemente. Desapoiado pelo Ocidente aquando da sua emancipação política, primeiro, irá encontrar no bloco socialista, o apoio necessário para encetar a luta que está na origem da sua independência política.
Também é importante pensar a relação com uma economia semiperiférica, como a sul-africana, semiperiférica no plano global, mas absolutamente central tendo em vista os países que gravitam à sua volta, de onde podemos assacar uma interdependência que não se pode iludir.
Neste contexto, é importante atentar à política de “engajamento construtivo”, o “instrumento” utilizado para retirar Moçambique da esfera de influência do chamado “bloco comunista”.
Acrescente-se que a exigência para a obtenção da ajuda de que o país dramaticamente necessitava nos tremendos anos 80, em plena emergência, seria a sua adesão ao Banco Mundial e do
FMI, ou seja a adequação da sua política económica ao chamado “Consenso de Washington”.
A inserção de Moçambique na economia global tem de ter em conta o facto de estar a emergir um novo paradigma nas relações económicas e políticas mundiais com o surgimento