Politica e ética
Alderi Souza de Matos
Nos últimos anos, os brasileiros têm ficado estarrecidos com uma sucessão interminável de casos de corrupção envolvendo diferentes setores dos poderes legislativo, executivo e judiciário, tais como o episódio do mensalão, a máfia das ambulâncias, a indústria de liminares e as recentes falcatruas envolvendo uma empreiteira. A Polícia Federal, agindo com empenho e eficiência inéditos, tem realizado um grande número de operações batizadas com nomes sugestivos, as quais tem recebido grande cobertura da mídia e causado forte impacto na opinião pública. Que os políticos brasileiros são, em grande número, indivíduos destituídos de um caráter íntegro e valores sólidos, é fato notório há muito tempo. O que impressiona nos casos recentes é a quantidade de funcionários públicos e até mesmo de membros do judiciário que têm enlameado a sua reputação ao se envolverem com as mais diferentes irregularidades. Por outro lado, alguns segmentos do setor privado não têm ficado para trás, participando de muitas fraudes, golpes e tramas sórdidas com o intuito de lesar o poder público e a população.
Para o governo, as operações e prisões realizadas indicam que finalmente está havendo uma luta eficaz contra o mal histórico da corrupção. Isso ainda está para ser provado, porque as condenações dos corruptos têm sido raras e a impunidade continua a ser a norma. Muito se tem falado e escrito sobre o assunto, mas poucos têm indagado sobre as causas mais profundas desses problemas. Por que são tão generalizadas no Brasil as práticas desonestas, em suas diferentes formas? Esse é um problema comum a todos os povos e nacionalidades ou existe alguma dificuldade específica com relação à cultura brasileira? Parece que os dois elementos dessa pergunta são parte da resposta.
O problema não é novo
A situação vigente no Brasil lembra algumas afirmações dos profetas bíblicos ao descreveram as realidades do