Politica na sociedade
Artigo
Renato Monseff Perissinotto**
Apresentação
H
á uma forte inclinação na Ciência Política atual para adotar a perspectiva institucionalista na análise dos fenômenos políticos1. Os estudos “neoinstitucionalistas” ou, simplesmente, “institucionalistas” criticam enfaticamente, e com razão, o viés “reducionista” de análises que se preocupam, antes de tudo, com os condicionantes sociais dos eventos políticos. Pretende-se, assim, mostrar que as instituições políticas não são apenas arenas em que grupos e classes sociais se digladiam com o objetivo de inscrever seus interesses nos outputs do sistema político. Ao contrário, dizem os adeptos dessa corrente, as instituições “contam”, isto é, afetam os resultados políticos de maneira significativa. Não há como
Este texto é uma versão ampliada do trabalho apresentado no workshop “As várias faces da Sociologia Política”, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC. Agradeço a Adriano Nervo Codato e Mario
Fuks pelos excelentes comentários e ao bolsista Luiz Domingos Costa pela sua atenta leitura e colaboração.
** Doutor, professor na Universidade Federal do Paraná/UFPR. E-mail monseff@uol.com.br.
1 O conceito de “instituição” pode ser tão amplo a ponto de abarcar toda a sociedade. Como, neste texto, dialogo apenas com análises que se dedicam ao estudo das decisões políticas, prefiro utilizar a expressão “instituições políticas” para descrever somente as arenas do Estado e do governo. Portanto, não adoto neste ensaio a definição mais ampla que qualifica de “política” toda e qualquer instituição que interfira na “alocação autoritária de valores” de um determinado sistema político. Concordo com Thelen e Steinmo (1994, p. 2, nota 9) que uma definição demasiado inclusiva dificultaria a análise das interações entre o Estado e as demais “instituições” da sociedade.
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N• 5 – outubro de 2004
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