politica externa argentina
A política externa argentina. A Argentina e o Brasil.
Historicamente, a política externa argentina foi moldada pelo temor ao hegemonismo brasileiro. Quando, no início do século XX, o Barão do Rio Branco estabeleceu a estratégia da parceria privilegiada entre o Brasil e os Estados Unidos, a Argentina reforçou seus laços tradicionais com a Europa. O anti-americanismo, moderado ou estridente, marcou a diplomacia argentina durante décadas. Na Segunda Guerra Mundial, a Argentina pendeu para a Alemanha nazista mesmo depois da declaração de guerra brasileira ao Eixo. Apenas em 1944, quando tudo já tinha acontecido, Buenos Aires decidiu-se pelos Aliados.
Carlos Menem inverteu o rumo histórico da política externa argentina. A sua opção pelo regime cambial do peso/dólar foi acompanhada pelo anúncio, em 1991, do estabelecimento de "relações carnais" entre Buenos Aires e Washington. A reviravolta expressava, contudo, uma continuidade de fundo: o alinhamento automático com os Estados Unidos e o peso/dólar serviam como contrapeso à liderança brasileira no Cone Sul, no momento em que era instituído o Mercosul. Ironicamente, o nacionalismo argentino imolava-se no altar de sacrifício dos Estados Unidos para continuar a ser fiel a seus instintos anti-brasileiros.
O alinhamento automático da Argentina representou, ao longo da década, uma espada erguida sobre a cabeça do Mercosul. A Argentina retardou as negociações entre o Mercosul e a Comunidade Andina, pois enxergava atrás delas a estratégia brasileira de alinhamento sul-americano no processo da Alca. Também não demonstrou entusiasmo pelas negociações entre o Mercosul e a União Européia, que se destinam a fazer contraponto ao processo da Alca. Como pano de fundo, o regime do peso/dólar impedia o aprofundamento da integração do Mercosul, que só pode consistir na marcha rumo a uma moeda única regional. As peças do tabuleiro foram atiradas para cima com o colapso financeiro e institucional