polimorfismo
Farmacêuticas
Básica e Aplicada
Journal of Basic and Applied Pharmaceutical Sciences
Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2012;33(1):27-36
ISSN 1808-4532
Polimorfismo na produção de medicamentos
Gabriel Lima Barros de Araujo1*; Altivo Pitaluga Jr2; Selma Gutierrez Antonio3; Carlos de Oliveira Paiva Santos3;
Jivaldo do Rosário Matos4
1
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
2
Farmanguinhos, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
3
Instituto de Química, UNESP, Araraquara, SP, Brasil.
4
Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
RESUMO
O polimorfismo pode ocasionar desvios de qualidade durante o processo produtivo e influenciar o desempenho dos medicamentos. Por isso, o entendimento do fenômeno e suas implicações abre um campo amplo de possibilidades a serem exploradas na área farmacêutica, incluindo o surgimento de novos paradigmas e ferramentas na garantia da qualidade de medicamentos. Este trabalho apresenta uma introdução aos aspectos básicos do fenômeno do polimorfismo e suas implicações na produção e controle de medicamentos, com ênfase no polimorfismo dos fármacos.
Palavras-chave: Polimorfismo de fármacos. Caracterização no estado sólido. Cristalografia de policristais.
INTRODUÇÃO
O polimorfismo é definido como a habilidade de uma substância existir no estado sólido com, no mínimo, duas estruturas cristalinas diferentes. Por consequência, cada polimorfo é uma fase cristalina distinta (Haleblian &
Mccrone, 1969).
A princípio, todos os fármacos apresentam a capacidade de se cristalizar em estruturas cristalinas diferentes, portanto, todos os fármacos podem apresentar o fenômeno do polimorfismo. Entretanto, em função de barreiras cinéticas e termodinâmicas, isso nem sempre é observado. A criação do termo “polimorfismo” é atribuída ao químico alemão Eilhard Mitscherlich em 1822, mas o conhecimento do fenômeno é antigo: