Poetas

26 Poetas Hoje
I. A Autora Heloísa B. de Holanda nasceu em 1939, no RJ, e já na década de 60 era professora de literatura brasileira na UFRJ, onde ainda trabalha. Apesar da carreira universitária, Heloísa sempre se interessou pelas manifestações artísticas mais incipientes de seu tempo e a elas – sobretudo, a poesia – esteve ligada muito de perto, atuando como uma espécie de mediadora ou, pelo menos, provocadora dos debates culturais dos quais faz parte há mais de quarenta anos. Seu percurso intelectual e acadêmico se confunde, então, com as questões contemporâneas a cada período: durante a década de 70, dedicou-se à divulgação e ao estudo dos poetas daquele momento, assim como no decênio anterior, pesquisa essa que virou tese de doutorado; nos anos 80, envolveu-se com a questão do discurso feminino e seus reflexos na literatura; e já no final dos anos 90, organizou outra antologia com os poetas mais novos dessa década. Observemos sua fala em entrevista a Ítalo Moriconi: “É importante olhar para a literatura como discurso cultural, sem abrir mão da dimensão estética da expressão literária, que é fundamental, mas que não se esgota em si própria. Ela não é apenas um gozo, ela é mais que isso. Ela pode ser um tiro. É isso que eu gostaria que ela pudesse ser.”

II. De Marginal a Herói O emprego e a aceitação da expressão “Poesia Marginal” para se definir parte de uma produção literária dos anos 70 sempre foi algo polêmico, tendo em vista a abrangência de autores, de posturas e de motivos para se classificar como “marginal” determinado artista ou certa obra. De qualquer forma, o termo foi cunhado e consagrado, apesar de tantas considerações, exceções ou contestações. Os estudiosos do assunto, assim como os próprios poetas em seus depoimentos, apontam alguns caminhos que explicariam a condição de “marginalidade” de uma produção dos anos 70. Vejamos alguns.
1. Uma das acepções de “marginal” está vinculada à postura ideológica e transgressora dos