Poesias Gaúchas
"GAUDÉRIO" é índio que andeja
Daquí, pra alí na querência,
Desfrutando a convivência
Com todo o tipo de gente...
É o Xirú quebra e valente,
Que nunca teve parada,
Vive a repontar na estrada
O passado prô presente. É o cuera que vive solto,
Tal e qual o pensamento...
É o sopro forte do vento
Que na cerca bodoneia,
Enquanto o taura sesteia
Deitado em cima da encilha...
É o índio em pé na coxilha,
Disposto prá uma peleia. "GAUDÉRIO" é a alma campeira
Que andou de estância em estância,
É o piá que não teve infância
Mas não se queixa da sorte...
Cresceu sem ligar prá morte,
Seguindo o próprio destino...
É o solitário... é o teatino,
Vagando sempre sem norte.
"GAUDÉRIO" é o peão andarilho, é o andante... é o caminheiro...
É o cruzador Missioneiro,
Que a passos lento avança...
É o choro de uma criança
Porque a "chupeta" perdeu...
E abandonado cresceu
Sem nunca "perdê" a esperança. "GAUDÉRIO" é o grito de alerta
Do Centauro na vigia...
Resto de raça bravia
Lutando contra a extinção...
Relincho de redomão,
Num rodeio a campo fora,
Querendo fugir da espora
Que o taura traz no "Garrão"
É o chuleador sapateando
Na velha rinha da Chula,
Que em cada passo que pula,
Parece um rei sem ter trono
Cada vez com mais entono...
Pisando firme no chão.
Gritando a todo pulmão,
Que esta querência tem dono.
É a dança da chimarrita
É o pesinho e tatú novo,
É a estirpe nova de um povo
Que não teve arranchamento...
É da cordeona o lamento,
Na milonguita que entôa
GAUDÉRIO É A PRÓPRIA PESSOA
DE UM ZANILDO