Poesia
Acho que ceguei tuas pupilas, darling. Incendiei tua íris com a minha luz ofuscante e diluí tuas falsas promessas. É que o amor é uma arma e eu vivo atirando no escuro. Do chão gélido do meu quarto, vejo-te virando poeira no abismo de mim, escorrendo do meu reservatório, esvaindo através de um só estalar de dedos. Eu mergulho no teu vazio e grito, imploro, deságuo: “Não me deixa sumir nas incertezas do teu piscar de olhos castanhos. Não me deixe fundida à solidão de te esperar porque eu logo bato as asas e não pouso mais aqui. Não me deixa cair desse trapézio onde subi com a segurança de que haveriam braços prontos pra me alcançar no fim do salto”. Mas meu esforço é em vão, minhas súplicas são jogadas ao vento e só o que se percebe, é minha respiração debilitada que se propaga no teu vácuo interno. Eu estou exausta de nadar contra a corrente e morrer na praia, babe. Eu me atirei nos teus minguados de mar e morri afogada. Logo você, que era como anestesia para as minhas feridas, insiste em ser ácido clorídrico que me penetra e queima a pele.
Eu lhe entreguei meu peito botão de flor, mas você esqueceu de regar. Morri tentando florescer.
“Você pode conhecer vinte caras bonitos e que te entendem muito bem, dez caras legais que cuidam de você como se fosse um diamante precioso, uns outros tantos inteligentes, atraentes, bacanas e engraçados em ordem aleatória. Nenhum deles te encanta. Por que? Falta o tão chamado click, aquele jeito especial que ninguém explica. Pode ser o jeito de mexer no cabelo, a forma como ele te olha, que conversa contigo ou até mesmo um jeito secreto que nem o profeta mais sábio percebe, mas que está lá, você pode ver. Entre tantos milhares, talvez um ou outro se salve ao filtro do “jeito”, e daí você percebe: é esse que eu quero abraçar e não largar mais, com quem eu quero me enrolar embaixo de cobertores e com quem eu quero dividir todos meus segredos. Baseado no quê? Num jeito