Poesia Social
Em face dessa questão, torna-se impossível conceber tais manifestações como subjetivas, visto que se trata de algo fechado, isento de múltiplas possibilidades de interpretação. Depois dela, surgiu, então, a poesia social para contradizer tudo aquilo que se fazia visto por intermédio da arte concretista.
A poesia social foi muito bem representada por Thiago de Mello, Ferreira Gullar e Afonso Romano de Sant’Ana. Eles, por meio de suas habilidades artísticas, reestabeleceram o lirismo e fizeram da palavra um instrumento de denúncia social, de revelação das mazelas que assolavam a sociedade da época em que viveram.
Assim, participando ativamente dessas questões, optaram por utilizar uma linguagem simples, que se aproximava do cotidiano, como bem nos demonstra o mestre Ferreira Gullar, em uma de suas criações:
Agosto 1964
Entre lojas de flores e de sapatos, bares, mercados, butiques, viajo num ônibus Estrada de Ferro - Leblon.
Viajo do trabalho, a noite em meio, fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud, relógios de lilazes, concretismo, neoconcretismo, ficções da juventude, adeus, que a vida eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca, a poesia agora responde a inquérito policial-militar. Digo adeus à ilusão
Mas não ao mundo. Mas não à vida, meu reduto e meu reino.
Do salário injusto, da punição