A Função Social da Poesia
ELIOT, T. S. De poesia e poetas. São Paulo: Brasiliense, 1991. (p. 25-37)
A poesia tem o poder de nos fazer experimentar sentimentos, nos sensibilizar, nos alegrar ou nos entristecer, enfim, a poesia transmite emoções de forma como poucas artes fazem. Mas seria realmente essa a sua função?
Sendo a poesia uma área tão vasta, poderia se atribuir funções a cada uma de suas “categorias” e mesmo assim não chegar à conclusão de qual é a função social da poesia. Ela pode ter um determinado propósito social. Na antiguidade, há exemplos disso; na forma de runas e cantos; dramas gregos e ritos religiosos, que tinham as mais variadas serventias, como propósitos mágicos e religiosos. Alguns desses hábitos permanecem conosco até hoje, como em hinos espirituais, etc.
Já que a função social fundamental da poesia é investigada, devemos observar, primeiramente, suas funções mais evidentes. Diz-se que a principal seria que a poesia deve nos propiciar prazer. Mas não apenas o prazer pelo prazer, pois se for apenas ele, este próprio pode não ser da mais alta espécie. Na poesia, há sempre algo mais. Sempre uma comunicação e/ou compreensão de algo que geralmente não podemos por em palavras.
Cada povo deve ter sua própria poesia, pois isso instaura uma diferença na sociedade. A poesia, diferentemente de qualquer outra arte, tem um valor especial para o povo de uma mesma raça. Pois ninguém no mundo entenderá tão bem uma poesia, quanto o povo que fale a mesma língua que o poeta. Pois mesmo que haja um domínio extremo da gramática da língua por parte de um estrangeiro, poderá sempre haver expressões que o leitor (que fale outra linguagem) desconheça. Diante disso, não se pode afirmar que as palavras são as mesmas umas que as outras em todas as línguas, e, portanto, nem dizer que os sentimentos expressos por elas são iguais. Isso acaba por tornar quase que únicos e particulares de uma nação, os sentimentos e emoções expressas pelo poeta em sua poesia. O que não acontece num